domingo, 7 de abril de 2013

navio

Itapagé (navio)


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Itapagé
Vapor Itapage.jpg
Concepção artística do navio Itapagé, da Companhia Nacional de Navegação Costeira.
Informações gerais
Carreira Brasil
ProprietárioCompanhia Nacional de Navegação Costeira
Operadora mesma
Porto de registroRio de Janeiro
Construção1927, por Société des Chantiers de Normandie, Ruão, França.
Lançado ao mar emnovembro de 1927
HomônimoItapajé, cidade do Estado do Ceará.
StatusAfundado em 26 de setembro de 1943, pelo U-161
(Albrecht Achilles)
Características
Classe e tipomisto (cargueiro/passageiros)
Tonelagem4.998 ton
Comprimento119,7 m[1] (113,3 m[2])
Largura15,9 m
Calado7,41 m[2] (6,9 m[3])
Maquináriomotor de combustão interna (principais);
máquinas a vapor (secundário).
Propulsãodois motores a diesel com duas hélices;
tripla expansão (secundário).
Velocidade14 nós
Capacidade107 pessoas
(por ocasião do afundamento)
O Itapagé foi um navio brasileiro, utilizado no transporte de carga e de passageiros, torpedeado pelo submarino alemão U-161, em 26 de setembro de 1943, no litoral do estado de Alagoas.
De propriedade da Companhia Nacional de Navegação Costeira, foi a trigésima-terceira embarcação atacada durante a guerra. Por ocasião ataque, no qual morreram 22 pessoas, era comandado pelo Capitão-de-Longo-Curso Antônio da Barra que sobreviveu ao torpedeamento.

[editar] O navio e sua história

O Itapagé era um navio misto, construído no estaleiro Société des Chantiers de Normandie, em Ruão, na França, e lançado em novembro de 1927, sob encomenda da Companhia Nacional de Navegação Costeira, uma próspera armadora nacional de propriedade privada fundada em 1882.
Pertencia à famosa classe de navios, denominados popularmente como "Itas", os quais faziam serviço de cabotagem, transportando cargas e passageiros de norte a sul do Brasil, na primeira metade do século 20, e que tinham nomes iniciados sempre pela sílaba "ita", termo oriundo do tupi-guarani, que entra na composição de muitas palavras e topônimos brasileiros, cujo significado é pedra ou metal. Itapagé, no caso, significa pedra do feiticeiro.[nota 1]
Dos navios brasileiros torpedeados, o Itapagé era mais parecido com o Araraquara, navio da "Classe Ara/Araranguá" – esta sim, bem mais padronizada –, possuindo 4.998 toneladas de arqueação bruta, distribuídas em um casco de aço de 119,7 metros de comprimento[1] por 15,9 metros de largura, e um calado de 7,41 metros. Era propelido por dois motores de combustão interna a diesel, fabricados pela empresa Chantiers et Ateliers de Penhoêt, de Saint-Nazaire, acoplado a duas hélices, com potência nominal de 714 HP e velocidade máxima de 14 nós.[2] Além dos motores principais, também possuía máquinas a vapor do tipo Triple Expansion Engine, localizadas a bombordo dos motores diesel.

[editar] O Afundamento

O navio zarpara do Rio de Janeiro, na manhã do dia 22 de setembro, com destino final em Belém, com 2 mil caixas de cerveja, 30 mil panelas, remédios, perfumes, pneus, dois caminhões,[4] além de barris de óleo diesel e de ácido muriático, totalizando 600 toneladas de carga a bordo,[5] e 107 pessoas a bordo entre passageiros e tripulantes, comandados pelo Capitão-de-Longo-Curso Antônio da Barra.
Na tarde do dia 26 de setembro, dez minutos antes das duas horas (18:50, pelo Horário da Europa Central), quando navegava sem escolta a cerca de oito milhas da costa do estado de Alagoas, na altura da Lagoa Azeda, 60 Km ao sul de Maceió, o navio, depois de ser perseguido por várias milhas pelo submarino alemão U-161, comandado pelo Capitão-de-Corveta Albrecht Achilles,[4] foi finalmente atingido por dois torpedos que lhe atingiram a meia nau, pelo lado boreste (estibordo), na altura do porão nº 2.[6] A explosão fez um grande buraco no casco do navio que, incontinenti, começou a adernar para o mesmo lado da explosão e foi ao fundo em quatro minutos.
A evacuação do barco foi feita na mais perfeita ordem, apesar da urgência e rapidez do naufrágio, que poderia arrastar todos os homens durante o mergulho. Devido ao pânico causado pela explosão, apenas dois botes e duas balsas foram baixadas ao mar. Também não foi possível emitir um SOS, pois a sala de telégrafo, alvo preferido dos "u-boot" nas interceptações, foi destruída. O imediato foi pego pela explosão e morreu quando correu para seu quarto.[6]
"Quando me dei conta do que se passara, não pensei duas vezes: atirei-me ao mar e, nadando desesperadamente, tentei afastar-me o mais rápido possível, procurando fugir da sucção que era produzida pela imersão do navio e que poderia arrastar-me para o fundo. Após, muito tempo, avistei uma baleeira que procurava recolher os náufragos e navegava na direção do continente.", declarou um dos sobreviventes.[4]
Assim que o navio afundou, o "u-boot" emergiu a cerca de cem metros de distância dos destroços e, logo a seguir, surgiram homens na torre de comando, os quais tiraram algumas fotos dos náufragos. Pouco depois, e sem sinal de hostilidade, mergulhou para ressurgir novamente a cerca de 500 metros de distância, de onde tomou o rumo leste e então desapareceu.[6]
Com o apoio dos dois botes salva-vidas disponíveis, todos os sobreviventes dispersos na água foram recolhidos. Alguns jangadeiros e pescadores da região acudiram em socorro às vítimas, que estavam em dificuldades em vencer a rebentação, uma vez que o mar estava muito agitado.
Os sobreviventes foram levados para São Miguel dos Campos, onde receberam primeiros-socorros, comida e roupas secas da população local. Mais tarde, foram levados para Maceió onde 22 feridos precisaram ser internados em hospitais. No dia seguinte, o tripulante Domingos Silva Santos, que havia sobrevivido ao torpedeamento do Arabutã, um ano e meio antes, não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital da Santa Casa, sendo sepultado no mesmo dia. No dia 29, o maquinista Antônio José dos Santos também faleceu no hospital. No total, 22 pessoas (18 tripulantes e quatro passageiros) morreram no ataque.[5]
O U-161 não teve tempo para comemorar o seu 20º torpedeamento, uma vez que ele foi localizado a acerca de 200 quilômetros da Praia do Conde, na Bahia e afundado no dia 27 de setembro por cargas de profundidade lançadas por um PBM Mariner do esquadrão VP-74 da Força Aérea norte-americana. Não houve sobreviventes destes os 53 homens de sua tripulação.

[editar] Exploração submarina

De todos os navios brasileiros afundados, o Itapagé foi o mais bem explorado por mergulhadores e tornou-se ponto de atração turística, sendo constantemente visitado.
Por ter sido afundado relativamente próximo à costa, está a apenas 25 metros de profundidade, em uma região de águas claras, o que permite a visão da embarcação desde a superfície. O local de naufrágio deu origem a um local de mergulho, propício à pesca submarina e à observação de espécies.
Os restos da embarcação estão dispostos corretamente no fundo do mar, adernados para boreste. A proa, intacta, está apoiada pela quilha, e, espalhadas ao redor do navio, jazem grande parte das garrafas e pneus que o navio carregava.[4]
Apresenta características úteis para fotografia tanto dos destroços como das espécies marinhas que o frequentam, das quais predominam as barracudas, algums com até dois metros, e as arraias.
Boa parte do que foi retirado do interior do navio - basicamente peças de serviço de bordo (talheres, copos, xícaras e pratos) - foi doada, em 1996, ao Departamento de Museu do Serviço de Documentação da Marinha, no Rio de Janeiro. Devido ao longo tempo de exposição sob a água, tais peças, apesar de um cuidadoso trabalho de reconstituição e de manutenção, se mostram muito frágeis, esfarelando-se e perdendo a consistência se tocadas.[4]

[editar] Notas

  1. Em verdade, a "Classe Ita" não era uma classe de navio, no sentido técnico do termo, uma vez que as suas embarcações não possuíam um mesmo padrão de construção, de arquitetura e de propulsão. O Itagiba e o Vital de Oliveira (ex-Itaúba), por exemplo, eram movidos a vapor e foram construídos na Escócia no início da década de 1910, além de possuírem tonelagem diferentes entre si. Assim, os navios da "classe" não eram necessariamente "navios-irmãos". O agrupamento dos navios naquela "classe" se deu pelo fato de pertencerem a mesma empresa, bem como pela nomenclatura derivada do tupi-guarani.

Referências

  1. a b Naufrágios do Brasil. Naufrágio Itapagé. Página visitada em 15 de abril de 2011.
  2. a b c Wrecksite. MV Itapagé. Página visitada em 15 de abril de 2011.
  3. Naufrágios do Brasil. Navios Brasileiros afundados na costa de Alagoas. Página visitada em 15 de abril de 2011.
  4. a b c d e SANDER. Roberto. Op.cit., p. 239-240, 246-247.
  5. a b Uboat.net. Itapagé. Página visitada em 15 de abril de 2011.
  6. a b c Sixtant. Itapagé. War II in the South Atlantic. Página visitada em 15 de abril de 2011.

 

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