terça-feira, 24 de julho de 2012

Issac Newton



 

Isaac Newton:fé e física
Isaac Newton, quem diria, era um religioso fanático, obcecado por experiências místicas. E esse lado oculto foi essencial para ele se tornar o pai da ciência moderna.
(por Leandro Narloch)

O homem que descobriu a gravidade e as leis do movimento, criou a ótica e reinventou a matemática também legou à humanidade receitas para transformar metais em ouro, remédios feitos com centopéias e uma lista de pecados que costumava anotar em seus cadernos. Passou a vida estudando a Bíblia para prever quando Jesus voltaria à Terra.

Contraditório? Não para a época. Quando Isaac Newton nasceu, na Inglaterra de 1642, matemática, religião, ciência e magia se confundiam. Astronomia e astrologia eram a mesma coisa. Alquimia e química também. "O século 17 foi uma transição entre a Idade Média e o Iluminismo", afirma o físico Eduardo de Campos Valadares, professor da UFMG e autor do livro Newton - A Órbita da Terra em um Copo d·Água. "Os homens que criaram o nosso jeito de pensar viveram com idéias medievais, barrocas, e tementes a Deus."

No caso de Newton, o misticismo e a religião não só conviveram com a ciência como a fortaleceram. "Seu mergulho profundo nas experiências alquímicas e nas raízes da teologia pode ter influenciado seus pensamentos a respeito de uma visão mais ampla do Universo", afirma Michael White, autor da biografia Isaac Newton – O Último Feiticeiro.

Até o século 20, Newton era conhecido como um cara racional. Após sua morte, escritores trataram de ressaltar seus feitos e sua obra-prima, o Philosophiae Na-turalis Principia Mathematica ("Princípios Matemáticos da Filosofia Natural"). Nesse livro, ele mostrou, matematicamente, que um corpo parado ou em movimento tende a ficar assim se não houver outra força na jogada. Com a Lei da Gravitação Universal, Newton provou que todos os corpos do Universo, seja a Lua ou uma maçã, obedecem à mesma força de atração. Mas o outro lado de Newton passou batido. Só veio à tona em 1936, com o economista John Maynard Keynes, o criador da Teoria do Estado de Bem-Estar Social. Depois de ter acesso a documentos e anotações do físico, Keynes deu uma palestra mostrando-o como um místico e fanático. "Newton não foi o primeiro da Idade da Razão. Foi o último dos mágicos", disse Keynes.

Newton morreu afirmando que o movimento e as órbitas dos planetas eram definidos por Deus, assim como a composição da matéria. "Se os homens, animais etc. tivessem sido criados por ajuntamentos fortuitos de átomos, haveria neles muitas partes inúteis, aqui uma protuberância de carne, ali um membro a mais. Alguns animais poderiam ter um olho só, outros, mais dois", escreveu.

Científico e religioso, ele fez da matemática um modo de estudar a Bíblia. Fazia cálculos imensos para confirmar as histórias bíblicas mais inverossímeis. Um exemplo é a criação do mundo em 7 dias. Newton acreditava na criação por Deus e, para resolver o problema de um tempo tão curto, observou que a Bíblia não afirma quantas horas durava um dia no momento da Criação. Como ainda não existia Terra nem movimento de rotação, um dia poderia ser quanto Deus decidisse. Para fazer previsões sobre o futuro do mundo, Newton não se baseou nos dias contados pela Bíblia. Ele tomou como base o gafanhoto, uma das pragas de Deus no Antigo Testamento, que vive em média 5 meses. A partir desse número, ele cravou que os judeus voltariam a Jerusalém em 1899, e em 1948 ocorreria a segunda vinda de Cristo à Terra. Depois, se passariam 1000 anos de paz.

Previsões eram importantes porque a vida, na época, não era nada fácil. Nos anos 1600, 90% da população inglesa vivia no que se chama hoje de pobreza absoluta. Em 1665, 100 mil ingleses morreram de peste negra. Em 1666, "ano da Besta", a peste continuou e, para piorar, um incêndio queimou 13 mil casas e 87 igrejas de Londres. Procissões anunciando o fim do mundo eram comuns nas estradas da Inglaterra.

No best seller O Código Da Vinci, Newton aparece como um dos membros do Priorado de Sião, a organização secreta que protegeria dos católicos o segredo de Maria Madalena como mulher e sucessora de Jesus. Nada se sabe sobre o priorado ou a crença de Newton em Maria Madalena, mas o resto de suas idéias passa perto do livro de Dan Brown. Puritano radical, Newton seguia o arianismo, doutrina que considerava Jesus Cristo um intermediário entre Deus e os homens. Essa visão é contrária à da Igreja Católica, que tem como símbolo máximo de Deus a Santíssima Trindade ("Pai, Filho e Espírito Santo").

A Igreja Católica era tudo o que Newton mais odiava. Chamava-a de Anticristo – ou de a "meretriz da Babilônia" – e acreditava que todas as mentiras do mundo tinham começado no Concílio de Nicéia, em 325. O concílio estabeleceu toda a simbologia cristã que se usa até hoje. Ali foi decidida a força da Santíssima Trindade e a ambivalência entre Jesus e Deus. Newton achava que isso era fruto da corrupção dos políticos romanos, preocupados em conquistar mais fiéis.

Para o biógrafo White, a fascinação de Newton por uma figura bíblica, o rei Salomão, influenciou na criação da gravitação universal. Salomão teve seu templo construído por volta de 1000 a.C., em Jerusalém. Seguindo o Livro de Ezequiel, Newton imaginou o templo com um fogo central, onde aconteciam sacrifícios, e os discípulos de Jesus colocados em círculo ao redor. "É visível o paralelo entre o sistema solar e o templo: os planetas correspondem aos discípulos, e o fogo do templo é o modelo do Sol", afirma White.

Metal em ouro

Newton foi uma criança solitária. Aos 3 anos, a mãe o deixou com parentes e foi se casar com um coroa rico. O filho passou a infância lendo livros de teologia, que discutiam detalhes complicados da Bíblia. Aos 13, leu Os Mistérios da Natureza e da Arte, de John Dare, livro que copiou quase inteiro e usou como fonte de inspiração. O maior passatempo era brincar no laboratório de um boticário que o hospedou por um tempo. Foi ali que ele teve o primeiro contato com a química. Passava os sábados sozinho no fundo da botica, inventando remédios e anotando doenças – montou um caderno com 200 delas. Na escola, era relaxado e autodidata. Só começou a estudar matemática aos 19 anos, quando entrou no Trinity Colegge, em Cambridge. Depois das aulas, anotava os pecados que havia cometido: "desejar a morte ou esperar que ela ocorra a alguém" ou "roubar cerejas".

Quando adulto, Newton virou um chato. Passava a maior parte dos seus dias sozinho com suas pesquisas. Como aluno e depois professor em Cambridge, tinha poucas conversas. Se ofendia facilmente, era vingativo e preferia não publicar seus trabalhos. Quando publicava algum, escrevia somente em latim e proibia que os textos fossem traduzidos para o inglês. Não queria que qualquer alfabetizado tivesse acesso a suas obras e pudesse criticá-lo. Newton nem mesmo tinha alunos. "Tão poucos iam ouvi-lo, menos ainda o entendiam, que com freqüência ele, por falta de ouvintes, lia para as paredes", escreveu em diário seu assistente na universidade.

Newton gostava de trabalhar sozinho porque tinha medo que descobrissem sua arte secreta: a alquimia. No século 17, os experimentos alquímicos atingiram o auge. Por toda a Europa, vendedores de manuscritos ilegais distribuíam teorias sobre a pedra filosofal e guias para obter o elixir da longa vida. Newton era fascinado por esses objetivos e pela idéia de conseguir achar uma explicação única para todos os fenômenos da natureza. "Ele encarava o aprendizado como uma forma de obsessão, uma busca a serviço de Deus", afirma James Gleick, autor de Isaac Newton. "Os alquimistas trabalhavam como uma sociedade secreta, com medo da perseguição da Igreja", diz Valadares. Eles usavam pseudônimos e se comunicavam por códigos. O criador da gravitação universal se chamava Jeová Sanctus Unus, um anagrama de Isaacus Neuutonus, seu nome em latim.

Em 1970, uma análise química mostrou uma concentração enorme de chumbo e mercúrio nos cabelos de Newton. Era o que se esperava. Por quase 30 anos, entre 1666 e 1696, época em que produziu a maioria de sua obra científica, Newton gastou muito mais tempo tentando criar o mercúrio filosofal que estudando as leis do Universo. Passava noites em claro cercado de fornalhas, misturando metais em um cadinho. Anotava metodicamente verbetes e experiências. Em 1670, os rascunhos viraram o livro A Chave, formado por receitas e verbetes alquímicos. Também fazia experimentos esquisitos, como ficar olhando para o Sol o máximo que conseguisse só para ver o que aconteceria e enfiar furadores nos olhos para tentar descobrir o que havia atrás.

Esse alquimista começou a aparecer na cena acadêmica da Inglaterra com a criação de um telescópio de reflexão, em 1669. Tratava-se de um modelo pequeno, quase do tamanho de uma luneta, capaz de mostrar Júpiter e suas luas. O aparelho virou febre nas reuniões da Royal Society, o clubinho de cientistas da época, e foi apresentado ao rei Carlos 20. Depois, Newton cedeu à insistência de um amigo e decidiu encaminhar à sociedade um texto sobre a Teoria das Cores. Com o artigo, o mundo ficou sabendo que a cor branca era a soma de todas as outras – e o prisma era capaz de separá-las. O pessoal da sociedade ficou impressionado, e Newton, aos 29 anos, acabou virando membro da Royal Society, do qual seria presidente.

Ele queria provas

Apesar do reconhecimento, Newton seguiu isolado em Cambridge fazendo experiências místicas. Mas passou a ter contato com os filósofos naturais por cartas ou por meio da correspondência oficial da Royal Society. Esse periódico era um protótipo das revistas científicas de hoje, incluindo de pesquisas óticas a relatos sobre hermafroditas, unicórnios e lobisomens.

O contato com os cientistas trouxe dor de cabeça. Newton passou a travar polêmicas brabas com quem discordava de suas idéias. O primeiro inimigo foi Robert Hooke. Apesar do sucesso de ter descoberto a célula, Hooke era um picareta do século 17: anotava em um diário detalhes de noites com várias mulheres, afirmava ter inventado 30 formas de voar (mas não divulgava, para que ninguém as copiasse) e adorava colocar Newton em contradição. Mas a pendenga mais longa Newton travou com o matemático alemão Leibniz, disputando o mérito pela invenção do cálculo, método que permite calcular áreas, volumes e a taxa de mudança em qualquer ponto da função, hoje fundamental para descobrir desde a posição de uma nave espacial até ganhos de uma aplicação financeira. A polêmica sobre quem criou o cálculo permanece.

Mas a amizade e as brigas com os colegas ajudaram Newton a criar suas maiores teorias. Em 1684, ele recebeu a visita de Edmund Halley, um astrônomo curioso a respeito de suas idéias sobre as forças entre o Sol e os planetas. Quatro anos antes, um cometa havia passado duas vezes pelo céu da Europa, fazendo a astronomia entrar na moda. Na época, a idéia da gravitação universal era comentada, mas ninguém conseguia prová-la. Halley fez o professor de Cambridge tentar. Na mesma época, Newton passou a trocar cartas enfurecidas com Hooke sobre o que aconteceria com um objeto solto no alto da Terra. Hooke mostrou várias vezes à Royal Society que Newton havia feito previsões erradas sobre a trajetória do objeto. Isso irritou o alquimista.

Meses depois, impulsionado pelo objetivo de se vingar de Hooke, Newton chegou à Lei da Gravitação Universal. "A correção de Hooke fez com que eu descobrisse o teorema", confessou anos depois. Com o apoio de Halley, que acabou virando nome do cometa, Newton publicou os Principia em 1687. A gravitação universal foi descrita na última parte do livro. Segundo essa lei, a força entre os planetas depende da massa dos astros e é inversamente proporcional ao quadrado da distância que os separam do Sol. E isso vale para todas as coisas. "Essa teoria faria Newton mostrar que as forças que regem o Universo podem ser demonstradas em menor escala aqui na Terra", diz Valadares. As 3 primeiras partes dos Principia tratam da inércia do movimento dos corpos. Esses princípios fundaram a dinâmica, ciência que usamos hoje em dia até para calcular se dá tempo de atravessar a rua. Idéias assim, na verdade, já tinham sido pensadas por outros filósofos naturais da época. A diferença é que Newton conseguiu prová-las com base em dados reais das órbitas dos planetas e cometas.

O que havia de revolucionário em Newton não era tanto o que ele pensava, mas como pensava. "A ciência do século 17 não é de resultados palpáveis", afirma o físico Eduardo Valadares. "O que Newton fez foi estruturar uma maneira diferente de ver o mundo." No século 17, teses não provadas eram tidas como certas – como a idéia de que o Universo era composto de um éter gosmento que envolvia os planetas – e ninguém achava que fosse necessária alguma comprovação. Newton, diferente da maioria dos colegas, não se dava por satisfeito com uma boa idéia. Foi ele quem fez da ciência um sistema de lançar hipóteses que precisam ser verificadas na prática e matematicamente. É assim, usando o método newtoniano, que nós pesquisamos e pensamos hoje. Não à toa, Newton teve como um dos seus melhores amigos o filósofo John Locke, pai do empirismo, segundo o qual a base do conhecimento não era a imaginação, mas a experiência.

Depois de ter publicado os Principia, Newton foi consagrado e virou figura chique da Inglaterra. Apesar de pouca gente entender o que ele dizia (mais ou menos como as idéias de Einstein), ficou rico e famoso. Foi convidado a participar do Parlamento britânico, tornou-se diretor da Casa da Moeda e presidente da Royal Society. Depois da virada para o século 18, suas idéias começaram a ser usadas na construção das máquinas que iniciariam a Revolução Industrial e no método racionalista do Iluminismo. Nos últimos anos de vida, passou a dedicar mais tempo ao estudo da Bíblia. Suas contas sobre as previsões do Apocalipse viraram uma obra póstuma, Observações sobre as Profecias de Daniel. Foi nela que ele cravou o ano de 1948 como data da segunda aparição de Cristo. Em 1727, enquanto os criadores das máquinas a vapor nasciam na Inglaterra, Newton morreu tentando descobrir a data que Deus tinha marcado para o Juízo Final.

A maçã e a gravidade

A história de que Newton descobriu a gravidade quando uma maçã caiu na sua cabeça é antiga. Um dos primeiros a contá-la foi o filósofo Voltaire, que escreveu sobre Newton e o tornou famoso entre os franceses. Voltaire afirmou ter ouvido a história de uma sobrinha do físico. Já o biógrafo William Stukeley disse ter ouvido do próprio. Segundo eles, o fato teria ocorrido em 1665, quando Newton estava na casa da mãe se protegendo da peste das cidades. À noite, no jardim, uma maçã teria caído não em sua cabeça, mas entre ele e a Lua. Ao ver a cena, Newton teria se questionado se a força que puxava a maçã para baixo era a mesma que fazia a Lua girar em torno da Terra. Verdade ou não, o fato é que o físico ainda demoraria duas décadas para fazer essa descoberta.

Gay?

Não há registros de que Newton teve relações com mulheres. Se algum dia se apaixonou, foi por um homem: Nicolas Fatio de Duillier, um jovem matemático suíço. Cartas entre os dois intrigam os historiadores. Têm vários códigos e palavras cortadas. Os dois provavelmente trocavam dados sobre alquimia, daí a razão da escrita misteriosa. Mas pouca gente sabe a razão para o tom melodramático das cartas. "Pretendo ir a Londres na próxima semana e ficaria muito feliz de hospedar-me junto a ti", disse Newton na primeira carta. Meses depois, ao saber que Fatio estava doente, escreveu: "Recebi tua carta e o quanto fui afetado não posso exprimir". Newton viajou várias vezes para Londres só para encontrar Fatio. A amizade durou 4 anos, até o jovem ir embora para sempre da Inglaterra.

Galileu Galilei

GALILEU GALILEI

Galileu Galilei: Nascimento e Amadurecimento da Ciência (I de III)

Uma das obras mais importantes, conhecidas e citadas de Galileu Galilei é "Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo" de 1632. Porém seu primeiro escrito é "Diálogo de Cecco di Ronchitti da Bruzene a propósito da nova estrela" de 1605, assinado pelo discípulo Girolamo Spinelli, mas muito provavelmente com a íntima orientação da pena galileana.

Tratava-se da discussão sobre o surgimento de uma estrela com luminosidade variável, o que segundo os filósofos era provocado por fenômenos meteorológicos não relevantes. Mas a medição astronômica que produz os chamados "malditos dados" mostrou que esta nova luz não se deslocava em relação às outras, e que, portanto deveria ser uma verdadeira estrela.



Ofendidos os filósofos não aceitaram a tese de Galileu. Aliás, Galileu Quem? Então com 40 anos, era apenas um "medidor" do céu na Universidade de Pádua; e que história era esta de se meter em questões de essência, exclusiva de filósofos desde Aristóteles? A astronomia era uma disciplina matemática (junto com a geometria, aritmética e a música) e dissertar sobre as essências das estruturas era reserva de mercado dos filósofos.

O respeito quase infinito da autoridade era, digamos, um preconceito de época. Cem anos antes, por exemplo, as aulas de Anatomia eram ainda feitas sem mexer nos cadáveres (apesar da permissão da igreja para isso), mas apenas com a leitura dos textos de eruditos.



Em Cambridge o matemático Todhunter objetou quando da estruturação do primeiro laboratório da universidade: "Pra quê, os estudantes precisam ver e fazer os experimentos? Os resultados podem simplesmente ser descritos pelos professores cultos, ilibados e cristãos". Pobre Todhunter, nem sabe, mas fez escola entre os gestores da educação brasileira, que têm horror a laboratórios (por causa menos nobres, diga-se de passagem….).

Felizmente na época de Galileu a Anatomia já havia mudado, tendo inclusive servido de exemplo, como campo de conhecimento que havia progredido por ter "saído do papel".

E então Galileu mostrou-se por inteiro: se os experimentos e os dados não confirmam a teoria, dane-se a teoria. Pra saber quantos dentes tem um cavalo é melhor abrir-lhe a boca e contá-los, do que discutir um tratado de PhDeuses sobre a prótese cavalar.

Tendo bebido na fonte de seu professor de geometria Francesco Buonamici que insistia na primazia da experiência sobre a autoridade, Galileu (Spinelli) alfinetou no diálogo de 1605, que se o "matemático demonstrar que se trata de uma estrela, então, toda a filosofia natural é uma grande piada".

Assim, a supremacia da linguagem rigorosa e exata sobre a imprecisa linguagem comum ou o "grasnar dos empolados corvos-acadêmicos" (nas palavras de André Vesálio, o maior anatomista da época) para a explicação dos fenômenos naturais já era clarividente para Galileu, e os filósofos "deveriam agradecer a quem lhes mostra a verdade", no caso, todas as modéstias à parte, ele mesmo.



Neste sentido, apesar de seu salutar apego aos fatos, o uso do "mundo de papel" foi fundamental para os estudos de Galileu: uma esfera perfeita, num plano perfeito submetida a uma força infinitesimal, se movimentará indefinidamente. Sem conseguir fazer experimentos no vácuo, restava ao cientista o consolo de, através da abstração dos cálculos, aproximar-se da verdade e tentar melhorar os instrumentos de observação. Assim como em jornalismo não há fato sem versão, na ciência não há dado sem imaginação e interpretação.

Em 1610, Galileu publica o livro "A mensagem das estrelas" (este sim assinado por ele mesmo), que continha importantes descobertas feitas com o telescópio, que apesar de já inventado por outros, nunca tinha sido tão bem usado. Galileu viu e desenhou a irregular superfície lunar_ que até então era considerada perfeita_ as diferentes posições das estrelas (satélites) de Júpiter e ainda mostrou que a via Láctea não era somente uma nebulosidade esbranquiçada (leitosa), mas sim uma "incrível massa de outras estrelas, invisíveis a olho nu e tão numerosa que quase não podemos acreditar".


Galileu, o cético cientista, provou que o céu era infinito liberando-o, então, para o delírio dos poetas enamorados. É de se espantar que Bertrand Russel, o renomado intelectual inglês do século XX e conhecedor da obra daquele que considerava o último italiano digno de nota (Galileu), caísse na retórica superficial que a ciência sempre mata a poesia, pois para ele nada mais ridículo que um "poeta dizer-se alado para ir de encontro a amada quanto muito mais fácil seria usar um avião". Galileu, o primeiro pesquisador na acepção moderna da palavra, foi muito mais um libertador da imaginação do que um castrador dos delicados artesãos das palavras.

Como já valia o mote: "publique ou pereça", este livro fez fama à Galileu que, então mudou-se para Florença (não perca o próximo episódio).

Veja também:

Galileu Galilei – Enxergando bem além do seu tempo (II de III)

Galileu Galilei: Liberdade ainda que tardia (III de III)


Aristóteles Filósofo

Aristóteles

Biografia deste importante filósofo grego, filosofia grega, história do pensamento, principais obras, quatro causas
Introdução
O Filósofo grego Aristóteles nasceu em 384 a.C., na cidade antiga de Estágira, e morreu em 322 a.C. Seus pensamentos filosóficos e idéias sobre a humanidade tem influências significativas na educação e no pensamento ocidental contemporâneo. Aristóteles é considerado o criador do pensamento lógico. Suas obras influenciaram também na teologia medieval da cristandade.
Biografia e linha de pensamento filosófico
Aristóteles foi viver em Atenas aos 17 anos, onde conheceu Platão, tornando seu discípulo. Passou o ano de 343 a.C. como preceptor do imperador Alexandre, o Grande, da Macedônia. Fundou em Atenas, no ano de 335 a.C, a escola Liceu, voltada para o estudo das ciências naturais. Seus estudos filosóficos baseavam-se em experimentações para comprovar fenômenos da natureza.
O filósofo valorizava a inteligência humana, única forma de alcançar a verdade. Fez escola e seus pensamentos foram seguidos e propagados pelos discípulos. Pensou e escreveu sobre diversas áreas do conhecimento: política, lógica, moral, ética, teologia, pedagogia, metafísica, didática, poética, retórica, física, antropologia, psicologia e biologia. Publicou muitas obras de cunho didático, principalmente para o público geral. Valorizava a educação e a considerava uma das formas crescimento intelectual e humano. Sua grande obra é o livro Organon, que reúne grande parte de seus pensamentos.
As Quatro Causas
Segundo Aristóteles, há quatro causas implicadas na existência de algo:
- Causa material: daquilo que a coisa é feita como, por exemplo, o ferro.
- Causa formal: é a coisa em si como, por exemplo, uma faca de ferro.
- Causa eficiente: aquilo que dá origem a coisa feita como, por exemplo, as mãos de um ferreiro.
- Causa final: seria a função para a qual a coisa foi feita como, por exemplo, cortar carne.

Pensamento de Aristóteles sobre a educação:
"A educação tem raízes amargas, mas os frutos são doces". Aristóteles (D.L. 5, 18).
Principais obras de Aristóteles:
- Ética e Nicômano
- Política
- Órganon
- Retórica das Paixões
- A poética clássica
- Metafísica
- De anima (Da alma)
- O homem de gênio e a melancolia
- Magna Moralia (Grande Moral)
- Ética a Eudemo
- Física
- Sobre o Céu
Frases de Aristóteles
"O verdadeiro discípulo é aquele que consegue superar o mestre."
"A principal qualidade do estilo é a clareza."
"O homem que é prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz."
"O homem livre é senhor de sua vontade e somente escravo de sua própria consciência."
"Devemos tratar nossos amigos como queremos que eles nos tratem."
"O verdadeiro sábio procura a ausência de dor, e não o prazer."

Giordano Bruno, Filósofo italiano

Filósofo italiano

Giordano Bruno

1548, Nola (Itália)
1600, Roma (Itália)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

Giordano Bruno nasceu em Nola (perto de Nápoles), em 1548, e morreu em Roma, a 17 de fevereiro de 1600. Discípulo do filósofo Franscesco Patrizi, membro da Academia Florentina, ingressou na Ordem dos Pregadores aos 17 anos de idade, lá permanecendo por dez anos, chegando a ser ordenado sacerdote e a receber o grau de doutor em Teologia em 1575.

Acusado de heresia, Bruno abandonou a ordem e se refugiou no norte da Itália, onde passou a ensinar. Sempre perseguido, viaja pela Suíça (onde se converte ao calvinismo para abandoná-lo pouco depois), Inglaterra, França, Alemanha, voltando a Veneza em 1592.

Em Londres, dedicou-se a ensinar na Universidade de Oxford, onde ministrou aulas sobre a cosmologia de Nicolau Copérnico, atacando o sistema aristotélico. Depois de várias discussões, abandonou Oxford e rumou para a França, onde, em 1585, após um debate público no Colégio de Cambrai, foi ridicularizado, atacado fisicamente e, por fim, expulso do país.

Nos cinco anos seguintes viveu em inúmeras cidades - Marburgo, Mainz, Wittenberg, Praga, Helmstedt, Frankfurt e Zurique -, dedicando-se a escrever sobre cosmologia, física, magia e a arte da memória. Demonstrou, mesmo utilizando um método errado, que o Sol era maior que a Terra.

Já em Veneza, denunciado pelo nobre Giovanni Moncenigo, é novamente acusado de heresia e preso pelo Santo Ofício. Reconhece os seus erros e parece livrar-se da fogueira. Mas, a pedido do papa, as autoridades venezianas, depois de alguma hesitação, o entregam ao tribunal da Inquisição de Roma. Fica encarcerado durante sete anos, negando-se a abjurar suas doutrinas, das quais não se retrata. Foi queimado em 1600.

Deus e matéria: uma mesma substância

Segundo as palavras do próprio Bruno sobre suas leituras, ele ficara fascinado por Heráclito, Parmênides, Demócrito, Lucrécio e Plotino, entre os antigos; e, entre os modernos, pelo "onisciente" Raimundus Lullus, o "magnânimo" Nicolau Copérnico e o "divino" Nicolau Cusano (ou Nicolau de Cusa).

Bruno defende a infinitude do universo, como um conjunto dinâmico que se transforma continuamente, do inferior ao superior, e vice-versa, num movimento constante, por ser tudo uma só e mesma coisa, como manifestação da vida infinita e inesgotável. Como o universo, também Deus é infinito, sendo-lhe imanente e transcendente ao mesmo tempo, sem nenhuma contradição, pois os opostos acabam por coincidir no infinito.

Para Bruno, o universo é uma coisa viva, todo ele regido por uma mesma lei, sendo Deus a mônada das mônadas (espécies de átomos orgânicos e viventes), que compõem o organismo do mundo. Deus está presente por toda parte, como poder infinito, sabedoria e amor, cabendo aos homens adorar toda essa infinitude com entusiasmo, numa unidade das crenças religiosas, além de qualquer dogma positivo.

A metafísica de Bruno pode ser denominada de monista, pampsiquista e para-materialista, sendo que ele concebe Deus como alma e princípio ativo do mundo - e a matéria como princípio passivo. Deus e matéria nada mais são, portanto, do que dois aspectos da mesma substância.

Depois de um longo período de esquecimento, por cerca de dois séculos, Giordano Bruno foi redescoberto nos fins do século 18 e começo do 19, através do pensamento dos românticos alemães, não sendo pequena a dose de sua filosofia nas idéias de Goethe.

Admilson Barbosa Fotógrafo Profissional de Comunicação e Expressão.

  "Satisfação é trabalhar com respeito responsabilidade e segurança a sua imagem." ABFP Admilson Barbosa Fotógrafo Profissional de...