Itapagé (navio)
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Itapagé |
![Vapor Itapage.jpg](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_tPZ0-ZVge60YsiYF9z4uxTTThlol_QOFKFtKPPtyoa8TTC0GjIKIJjMmwPhK2UEUd3g1nhE3fY_wiJDfSWJstHcWGk-u9v3LwT8yM5fR2IvRURsmiv2rF83CU-GCVHTVfoaW_qbKXu2sY_PMjOHB5viyDSMUs3o7_DXfXimynXBX85qcZL=s0-d) Concepção artística do navio Itapagé, da Companhia Nacional de Navegação Costeira. |
Informações gerais |
Carreira | Brasil |
Proprietário | Companhia Nacional de Navegação Costeira |
Operador | a mesma |
Porto de registro | Rio de Janeiro |
Construção | 1927, por Société des Chantiers de Normandie, Ruão, França. |
Lançado ao mar em | novembro de 1927 |
Homônimo | Itapajé, cidade do Estado do Ceará. |
Status | Afundado em 26 de setembro de 1943, pelo U-161 (Albrecht Achilles) |
Características |
Classe e tipo | misto (cargueiro/passageiros) |
Tonelagem | 4.998 ton |
Comprimento | 119,7 m[1] (113,3 m[2]) |
Largura | 15,9 m |
Calado | 7,41 m[2] (6,9 m[3]) |
Maquinário | motor de combustão interna (principais); máquinas a vapor (secundário). |
Propulsão | dois motores a diesel com duas hélices; tripla expansão (secundário). |
Velocidade | 14 nós |
Capacidade | 107 pessoas (por ocasião do afundamento) |
O
Itapagé foi um
navio brasileiro, utilizado no transporte de carga e de passageiros, torpedeado pelo
submarino alemão U-161, em
26 de setembro de
1943, no litoral do estado de
Alagoas.
De propriedade da
Companhia Nacional de Navegação Costeira, foi a trigésima-terceira embarcação atacada durante a
guerra. Por ocasião ataque, no qual morreram 22 pessoas, era comandado pelo Capitão-de-Longo-Curso Antônio da Barra que sobreviveu ao torpedeamento.
[editar] O navio e sua história
O
Itapagé era um navio misto, construído no estaleiro
Société des Chantiers de Normandie, em
Ruão, na
França, e lançado em novembro de
1927, sob encomenda da
Companhia Nacional de Navegação Costeira, uma próspera armadora nacional de propriedade privada fundada em
1882.
Pertencia à famosa
classe de navios, denominados popularmente como "
Itas", os quais faziam serviço de
cabotagem, transportando cargas e passageiros de norte a sul do
Brasil, na primeira metade do
século 20, e que tinham nomes iniciados sempre pela sílaba "ita", termo oriundo do
tupi-guarani, que entra na composição de muitas palavras e topônimos brasileiros, cujo significado é pedra ou metal.
Itapagé, no caso, significa
pedra do feiticeiro.
[nota 1]
Dos navios brasileiros torpedeados, o
Itapagé era mais parecido com o
Araraquara, navio da "Classe Ara/Araranguá" – esta sim, bem mais padronizada –, possuindo 4.998 toneladas de
arqueação bruta, distribuídas em um casco de aço de 119,7 metros de comprimento
[1] por 15,9 metros de
largura, e um calado de 7,41 metros. Era propelido por dois
motores de combustão interna a diesel, fabricados pela empresa
Chantiers et Ateliers de Penhoêt, de
Saint-Nazaire, acoplado a duas hélices, com potência nominal de 714
HP e velocidade máxima de 14
nós.
[2] Além dos motores principais, também possuía máquinas a vapor do tipo
Triple Expansion Engine, localizadas a bombordo dos motores diesel.
[editar] O Afundamento
O navio zarpara do
Rio de Janeiro, na manhã do dia
22 de setembro, com destino final em
Belém, com 2 mil caixas de cerveja, 30 mil panelas, remédios, perfumes, pneus, dois caminhões,
[4] além de barris de óleo diesel e de
ácido muriático, totalizando 600 toneladas de carga a bordo,
[5] e 107 pessoas a bordo entre passageiros e tripulantes, comandados pelo Capitão-de-Longo-Curso Antônio da Barra.
Na tarde do dia
26 de setembro, dez minutos antes das duas horas (18:50, pelo
Horário da Europa Central), quando navegava sem escolta a cerca de oito milhas da costa do estado de
Alagoas, na altura da Lagoa Azeda, 60 Km ao sul de
Maceió, o navio, depois de ser perseguido por várias milhas pelo submarino alemão
U-161, comandado pelo
Capitão-de-Corveta Albrecht Achilles,
[4] foi finalmente atingido por dois torpedos que lhe atingiram a meia nau, pelo lado
boreste (estibordo), na altura do porão nº 2.
[6] A explosão fez um grande buraco no casco do navio que,
incontinenti, começou a
adernar para o mesmo lado da explosão e foi ao fundo em quatro minutos.
A evacuação do barco foi feita na mais perfeita ordem, apesar da urgência e rapidez do naufrágio, que poderia arrastar todos os homens durante o mergulho. Devido ao pânico causado pela explosão, apenas dois botes e duas balsas foram baixadas ao mar. Também não foi possível emitir um
SOS, pois a sala de telégrafo, alvo preferido dos "u-boot" nas interceptações, foi destruída. O imediato foi pego pela explosão e morreu quando correu para seu quarto.
[6]
"Quando me dei conta do que se passara, não pensei duas vezes: atirei-me ao mar e, nadando desesperadamente, tentei afastar-me o mais rápido possível, procurando fugir da sucção que era produzida pela imersão do navio e que poderia arrastar-me para o fundo. Após, muito tempo, avistei uma baleeira que procurava recolher os náufragos e navegava na direção do continente.", declarou um dos sobreviventes.
[4]
Assim que o navio afundou, o "u-boot" emergiu a cerca de cem metros de distância dos destroços e, logo a seguir, surgiram homens na torre de comando, os quais tiraram algumas fotos dos náufragos. Pouco depois, e sem sinal de hostilidade, mergulhou para ressurgir novamente a cerca de 500 metros de distância, de onde tomou o rumo leste e então desapareceu.
[6]
Com o apoio dos dois botes salva-vidas disponíveis, todos os sobreviventes dispersos na água foram recolhidos. Alguns jangadeiros e pescadores da região acudiram em socorro às vítimas, que estavam em dificuldades em vencer a rebentação, uma vez que o mar estava muito agitado.
Os sobreviventes foram levados para
São Miguel dos Campos, onde receberam primeiros-socorros, comida e roupas secas da população local. Mais tarde, foram levados para Maceió onde 22 feridos precisaram ser internados em hospitais. No dia seguinte, o tripulante Domingos Silva Santos, que havia sobrevivido ao torpedeamento do
Arabutã, um ano e meio antes, não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital da Santa Casa, sendo sepultado no mesmo dia. No dia
29, o maquinista Antônio José dos Santos também faleceu no hospital. No total, 22 pessoas (18 tripulantes e quatro passageiros) morreram no ataque.
[5]
O
U-161 não teve tempo para comemorar o seu 20º torpedeamento, uma vez que ele foi localizado a acerca de 200 quilômetros da Praia do Conde, na
Bahia e afundado no dia
27 de setembro por cargas de profundidade lançadas por um PBM
Mariner do esquadrão VP-74 da
Força Aérea norte-americana. Não houve sobreviventes destes os 53 homens de sua tripulação.
[editar] Exploração submarina
De todos os navios brasileiros afundados, o Itapagé foi o mais bem explorado por mergulhadores e tornou-se ponto de atração turística, sendo constantemente visitado.
Por ter sido afundado relativamente próximo à costa, está a apenas 25 metros de profundidade, em uma região de águas claras, o que permite a visão da embarcação desde a superfície. O local de naufrágio deu origem a um local de mergulho, propício à pesca submarina e à observação de espécies.
Os restos da embarcação estão dispostos corretamente no fundo do mar,
adernados para
boreste. A proa, intacta, está apoiada pela quilha, e, espalhadas ao redor do navio, jazem grande parte das garrafas e pneus que o navio carregava.
[4]
Apresenta características úteis para fotografia tanto dos destroços como das espécies marinhas que o frequentam, das quais predominam as
barracudas, algums com até dois metros, e as
arraias.
Boa parte do que foi retirado do interior do navio - basicamente peças de serviço de bordo (talheres, copos, xícaras e pratos) - foi doada, em
1996, ao Departamento de Museu do Serviço de Documentação da Marinha, no Rio de Janeiro. Devido ao longo tempo de exposição sob a água, tais peças, apesar de um cuidadoso trabalho de reconstituição e de manutenção, se mostram muito frágeis, esfarelando-se e perdendo a consistência se tocadas.
[4]
- ↑ Em verdade, a "Classe Ita" não era uma classe de navio, no sentido técnico do termo, uma vez que as suas embarcações não possuíam um mesmo padrão de construção, de arquitetura e de propulsão. O Itagiba e o Vital de Oliveira (ex-Itaúba), por exemplo, eram movidos a vapor e foram construídos na Escócia no início da década de 1910, além de possuírem tonelagem diferentes entre si. Assim, os navios da "classe" não eram necessariamente "navios-irmãos". O agrupamento dos navios naquela "classe" se deu pelo fato de pertencerem a mesma empresa, bem como pela nomenclatura derivada do tupi-guarani.
Referências